Cheio de falhas, tributo à Legião Urbana é salvo por devoção dos fãs
Wagner Moura compensou falta de afinação com suor e performance.
Público saudoso ignorou problemas no som e cantou todas as músicas.
Não fosse pelo público, o show em tributo à Legião Urbana, promovido pela MTV nesta terça-feira (29), no Espaço das Américas, em São Paulo, teria sido um ensaio razoável. A começar pelas inúmeras falhas no som, microfonia e instrumentos desafinados – Dado Villa-Lobos tocou mais de três músicas com a guitarra fora de compasso. Na introdução de “Pais e filhos”, Marcelo Bonfá até pediu “Gente, vamos começar de novo”.
Wagner Moura compensou a baixa qualidade vocal com muito suor, dedicação e performance. Correu pelo palco, chorou, deitou e se jogou no chão, pulou e requebrou. Visivelmente emocionado, incorporou os tremeliques característicos de Renato Russo, mas se apresentou como fã da banda por inúmeras vezes. “É um dos momentos mais incríveis da minha história. Essa banda mudou minha vida”, disse antes de cantar “Andrea Doria”, sua música preferida do repertório da Legião, ao lado de Fernando Catatau.
Apesar do clima de ensaio, o público respondia com entusiasmo ao pedido de feedback de Moura: “Está tudo bem?” Fiel, a plateia cantou todas as músicas – o que ajudou a abafar a voz por vezes embargada do ator – e pareceu sensibilizada com a entrega dos músicos no palco. Quando desceu ao fosso para cantar “Ainda é cedo” ao lado dos fãs, Wagner Moura teve a camiseta rasgada.
Participações
Foram 28 músicas em mais de duas horas de show, transmitido ao vivo pela MTV. Às 22h10 Wagner Moura, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, acompanhados por Rodrigo Favaro (baixo), Caio Costa (teclado e arranjos) e Gabriel Carvalho (violão) abriram a apresentação com “Tempo perdido”, música que foi trilha sonora de dois filmes em que Moura é protagonista – “O homem do futuro” e “VIP”.
No tributo, mostraram ao vivo pela primeira vez duas músicas do álbum “A Tempestade ou o Livro dos dias”, lançado em 1996 – e o último de Renato Russo . Em “Via láctea”, composição que deixa claro o sofrimento e a tristeza do ex-vocalista, já bem doente na época, Dado deitou no chão do palco e tocou olhando para as imagens do céu projetadas no teto.
Em “Geração Coca -Cola”, Dado e Bonfá, sem Wagner, apresentaram uma versão acústica da canção, e contaram com o reforço da gaita do multi-instrumentista Clayton Martin. A homenagem à Legião Urbana ainda teve a participação de um naipe de cordas em "Monte castelo", além de Andy Gill, do grupo Gang of Four, com Bi Ribeiro na dobradinha “Damaged Goods” e “Ainda é cedo”. Dado apresentou o convidado internacional como o responsável pela sua carreira como músico. “Ele foi a grande inspiração para que eu me tornasse um guitarrista.”
Gill também não poupou os afagos: “É uma honra estar aqui. Eu fazia música a mais de 10 mil quilômetros de distância e não tinha ideia que minhas canções chegavam ao Brasil. Quando descobri a Legião Urbana, senti sintonia”.
A apresentação foi encerrada com “Será”, música que o público já tinha cobrado antes de primeiro bis. Chorando, Dado, Wagner e Bonfá deixaram o palco com a plateia clamando por “Faroeste Caboclo”.
Wagner Moura deu o recado inúmeras vezes durante a apresentação: “Essa é talvez a última vez que vocês vão ver o Dado e o Bonfá cantarem juntos esse repertorio.” O segundo show do tributo acontece nesta quarta-feira (30), às22h, no Espaço das Américas, em São Paulo.
Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2012/05/cheio-de-falhas-tributo-legiao-urbana-e-salvo-por-devocao-dos-fas.html
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