Após 6 mortes pela PM, Cidade Tiradentes tem toque de recolher
Moradores da Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, vivem momentos de tensão, com comércios e escolas fechados e ruas vazias, desde a noite de terça-feira (29). O toque de recolher teria sido imposto em represália à morte de seis suspeitos durante uma troca de tiros com policiais da Rota na noite de segunda (28).
"Como vingança, os bandidos impuseram o toque de recolher no bairro, informando que atacariam o Batalhão de Polícia e quem ficasse na rua sofreria as consequências. O clima é de muita apreensão", diz um morador que preferiu não se identificar.
Por causa dos boatos, as escolas estaduais Salim Farah Maluf e Pedro Taques e a EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Mailson Delane suspenderam as aulas nesta quarta-feira. As três unidades funcionaram normalmente na manhã de hoje, mas decidiram parar na período da tarde por receberem ameaças ou porque os pais avisaram que não iriam mandar os filhos para a escola.
Os moradores relatam que outras unidades também fecharam as portas. "O que nós trabalhadores, que precisamos de nossos filhos na escola, temos a ver com isso? Os bandidos então tem o poder? Cadê a segurança nas escolas para quando acontecer esse tipo de situação?", questionou a mãe de uma aluna
Na noite de ontem, ruas ficaram vazias. Ao menos dez estabelecimentos comerciais fecharam antes do horário nesta quarta-feira --normalmente encerrariam os trabalhos às 20h.
Funcionários e passageiros informaram que, diante de ameaças, o terminal de ônibus da região fechou ontem às 20h e só retomou as operações hoje de manhã. A SPTrans, porém, nega o fechamento.
Na noite de hoje, os vários alunos da Universidade São Judas, na Mooca, zona leste, decidiram sair mais cedo por causa do toque de recolher.
A Secretaria Municipal de Educação disse que as escolas "abriram normalmente", mas que "algumas famílias preferiram não enviar seus filhos e outras retiraram as crianças ao longo dos períodos".
A Secretaria de Estado da Educação disse que "circunstâncias de fechamento serão avaliadas". Segundo a pasta, a diretoria regional de ensino orientou as escolas a continuarem em funcionamento.A Polícia Militar diz que não registrou nenhuma ocorrência relacionada ao toque de recolher desde a noite de ontem.
TIROTEIO
Uma equipe de 24 policiais da Rota chegou a um lava-jato na Penha na noite de segunda (28) a partir de uma denúncia feita para o quartel da companhia. Segundo a polícia, o grupo planejava uma ação para libertar um detento que seria transferido do CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém, na capital paulista, para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (611 km de SP).
Na entrada, encontraram um homem, que entregou a arma e não resistiu à prisão. Quando entraram no estabelecimento, o grupo teria começado a atirar nos policiais, que revidaram. Nenhum policial ficou ferido na ação.
A ação terminou com seis suspeitos baleados. Todos foram socorridos, mas um dos carros da Rota desviou do caminho para o hospital. Três policiais pararam o veículo no km 1 da Ayrton Senna, onde começaram a agredir o suspeito ferido, de acordo com relato de uma testemunha à polícia.
Os três policiais da Rota foram presos sob suspeita de torturar e matar o homem detido após o tiroteio.
Fonte: uol
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