terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Matéria do Dia - Moradores reclamam de skatistas por deterioração da Praça Roosevelt

Moradores vizinhos à Praça Roosevelt, na região central de São Paulo, reclamam que o espaço está sendo destruído por skatistas que frequentam o espaço reaberto em setembro, após uma reforma que durou mais de 2 anos e custou R$ 55 milhões.

Na sexta-feira (4), uma confusão teria começado quando skatistas usavam as bordas dos bancos para fazer manobras e terminou no afastamento de dois guardas-civis metropolitanos na segunda-feira (7) após um vídeo com imagens de agressões e uso de spray de pimenta cair na internet.

Na tarde desta segunda, o G1 foi à praça  e constatou que os skatistas são a maioria dos usuários da Roosevelt atualmente. Não há regras para a atividade, e muretas de jardins, bancos, degraus e corrimãos das escadarias são usados para manobras.

Parte desse mobiliário urbano já está riscada, quebrada ou com restos de parafina usada para o skate deslizar. A presença da base fixa da GCM parecia não atrapalhar a prática da atividade. O local apresenta, ainda, sinais de abandono, como vidros quebrados, sem contar a presença de caçambas com material de obras, já que a praça foi reaberta em setembro sem estar totalmente pronta.

A aposentada Lurdes Ferreira, de 65 anos e moradora de prédio vizinho à praça, reclama do barulho. “Já ficaram aí até as 2h da madrugada”, disse. Na região há 20 anos, ela afirma que a degradação está voltando à praça. O jornalista Rafael Tsavkko, de 27 anos, também vizinho, afirma que a população não tem mais condições de frequentar o espaço em razão de ele ser dominado. Especialmente os idosos, pelo medo de quedas. “Não tem espaço para quem não é skatista”, afirma. Segundo ele, houve relatos de moradores assaltados por jovens que andavam de skate nas ruas vizinhas à praça.

Os skatistas não são apenas do Centro, mas também de bairros distantes e outras cidades, como o ajudante de serviços gerais Fábio Luis, de 25 anos. Ele é de Botucatu e passa férias na capital. “Parece que essa praça foi feita para skatista. Ela tem tudo que a gente precisa, bordas, corrimão, e o piso liso”, diz ele, que defende que haja um acordo para que todos possam utilizar o espaço de forma harmoniosa.

Diferentemente de Fábio, a maioria dos frequentadores é menor de 18 anos. Eles têm opiniões variadas sobre a forma como usam a praça.  Um estudante de 16 anos afirma que a convivência com os guardas é pacífica e que o vídeo registrado na sexta-feira foi um fato isolado.

Ele diz ainda condenar a destruição do espaço e o uso dos bancos. Outros adolescentes, porém, argumentam que tanto os guardas como os moradores agem com preconceito, afirmando que os skatistas são usuários de drogas. Um skatista de 14 anos defendeu o direito de quebrar. “Podemos estragar, é normal. O importante é respeitarmos as outras pessoas, não atropelar ninguém”, disse.

Estrutura

A praça tem 25 mil metros quadrados, pouco mais de dois campos de futebol, sendo que 380 são só para os cachorros, num espaço conhecido como “cachorródromo”. A Roosevelt ganhou mais de 260 novas árvores, luminárias, parques de diversão para crianças e novos espaços abertos. Além disso, a praça ganhou quiosques para floricultura, parquinho, banheiro público e base da Guarda Civil Metropolitana (GCM).

Não ganhou regras de uso, no entanto. Segundo a Ação Local Roosevelt, um dos núcleos do Movimento Viva o Centro, foram feitas diversas reuniões com representantes da Prefeitura na gestão Gilberto Kassab para que a praça ganhasse regras.

A associação afirma que chegou a um acordo com a Confederação Brasileira de Skatistas para que a atividade seja realizada apenas em uma área da praça mais próxima à Rua da Consolação, onde o barulho não afetaria tanto os moradores vizinhos. A prática seria permitida até as 22h. Outra proposta entregue à Subprefeitura da Sé em novembro foi a criação de uma pista de skate no espaço reservado à prática.

“Sem regras, não houve sinalização após a abertura da praça e ficou difícil a GCM estabelecer condições aos skatistas”, afirmou Jader Nicolau Júnior, presidente da Ação Local Roosevelt. Ele afirma que a consequência disso é a “deterioração dos bancos e outras instalações".

Alguns skatistas que usam o espaço rebatem a tese de que destroem o equipamento e dizem que o problema foi a Prefeitura ter usado material de qualidade ruim. Para Eduardo Régis, de 22 anos, o simples uso da área pelas demais pessoas que não os skatistas já provoca danos, em razão da fragilidade do mobiliário.

A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras informou que as sugestões de regras e ações estipuladas no documento entregue à Subprefeitura da Sé pelo Viva o Centro serão analisadas pelo Conselho Gestor estabelecido por uma portaria em 2012. O conselho gestor formado deverá se reunir em breve para avaliar e implementar as regras que "melhor se adequarem ao convívio entre esportistas, frequentadores e moradores do entorno da Praça Roosevelt", disse a secretaria.

A Prefeitura não informou se orienta a Guarda Municipal Metropolitana a abordar os skatistas e a impedir que eles utilizem bancos e outros itens do mobiliário da praça para a atividade.

Fonte: G1

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