Kia subiu preços de carros no dia do corte de IPI e deu desconto 24h depois
A montadora sul-coreana Kia Motors determinou um aumento de 4% a 7,5% em seus carros 1.0 e 2.0 vendidos no Brasil bem no dia em que o governo anunciou o corte de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), na segunda-feira, 21. No dia seguinte, 22, a Kia distribuiu uma nova tabela reduzindo os preços de acordo com o pacote do governo.
Mas, na prática, os valores ficaram próximos aos que já vigoravam na semana passada. Ou seja, a redução para o consumidor foi menor do que poderia com a queda do IPI. Um carro 1.0, como o Picanto, que na estimativa do governo poderia ter o preço reduzido em cerca de 10%, ficou com um desconto de apenas 2,5%.
Segundo o economista especializado em varejo automotivo Ayrton Fontes, o comunicado sobre esse aumento no dia do corte do IPI foi enviado pela Kia às concessionárias horas antes do anúncio do governo. A Kia diz que realmente subiu os preços a partir do dia 21, mas o comunicado foi enviado no dia 18 (sexta-feira). A empresa nega ter sabido antecipadamente das medidas do governo e ter tirado vantagem disso.
Na ponta do lápis, a redução feita essa semana não tem tanto impacto no bolso do consumidor. "Não estão dando o desconto prometido", diz o economista Ayrton Fontes.
Governo esperava redução de 10% nos preços
O governo anunciou, na última segunda-feira (21), o corte do IPI dos carros nacionais e importados. No caso dos importados, os impostos cobrados sobre carros de até 1.000 cc caíram de 37% para 30%. No caso dos carros de até 2.000 cc importados e com tecnologia flex, a redução foi de 41% para 35,5%.
Carros importados de até 2.000 cc movidos a gasolina tiveram o IPI cortado de 43% para 36,5%. Utilitários importados tiveram o IPI reduzido de 34% para 31%.
As montadoras também se comprometeram a dar descontos no preço de tabela dos carros. Os automóveis de até 1.000 cc, por exemplo, teriam desconto de 2,5% sobre a tabela vigente. Os carros com motor até 2.0 teriam 1,5% de desconto e os utilitários, 1%.
Na ocasião do anúncio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que, somando todos os descontos (corte de impostos e redução de tabela), um carro 1.0 passaria a custar cerca de 10% menos em relação ao preço atual.
Redução nos carros da Kia foi menor
Na prática, pelo menos no caso da Kia, a redução foi menor.
O anúncio do governo foi feito no fim da tarde da segunda (21). Segundo Fontes, na manhã daquele mesmo dia, a rede nacional de distribuição da Kia Motors teria recebido um comunicado informando que os carros com motores entre 1.0 e 2.0 teriam os preços aumentados de 5% a 7%.
Uma das versões do Picanto 1.0 flex, por exemplo, custava R$ 39.900 em 1º de maio nas concessionárias. Em 21 de maio, o preço subiu para R$ 42.900. O aumento foi de 7,52%.
Um dia depois do anúncio do governo, na terça (22), a rede de concessionárias recebeu um novo comunicado. Dessa vez, informando que os veículos com motores entre 1.0 e 2.0 teriam os preços cortados entre 6% e 9%.
O mesmo Picanto flex passou a custar, na tabela oficial, R$ 38.903. O corte foi de 9,32% na comparação com preço que estava sendo cobrado um dia antes.
Mas, em relação ao valor de 1º maio (R$ 49.900, antes do aumento de segunda-feira), a redução foi bem menor: 2,5%.
Montadora credita aumento ao dólar
A Kia Motors, por meio da assessoria de imprensa, confirma que aumentou os preços antes do anúncio do governo. O corte valeu a partir de segunda-feira, mas a empresa diz que o comunicado para as concessionárias foi enviado na sexta, 18. A montadora afirma ainda que não sabia que o governo anunciaria redução de IPI esta semana.
A empresa afirma que os aumentos foram motivados por dois fatores. Um foi a alta do dólar nas últimas semanas. O outro foi que a empresa ainda não havia repassado integralmente aos preços o aumento de IPI para carros importados feito pelo governo no ano passado.
Segundo a Kia, esse aumento era "inevitável".
'Confio na indústria automobilística', disse Mantega
Quando anunciou o corte de IPI, na segunda, o ministro Guido Mantega disse que confiava que o repasse seria feito para o consumidor final.
"A indústria automobilística nunca descumpriu os acordos que nós fizemos. Nós já fizemos várias experiências nesse sentido, várias reduções, e eles sempre cumpriram. Eu confio na indústria automobilística", disse Mantega.
No ano passado, a montadora chinesa JAC Motors nacionalizou todos os seus veículos que estavam na alfândega uma semana antes de o governo brasileiro anunciar o aumento do IPI para carros importados.
Na época, o presidente da empresa, Sérgio Habib, negou que tenha tomado a decisão baseado em informações privilegiadas do governo.
Fonte: http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2012/05/24/montadora-aumentou-precos-no-dia-do-corte-de-ipi.jhtm
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