terça-feira, 29 de janeiro de 2013

BRASIL - Preço da gasolina e avaliação de agência afetam ações da Petrobras


Para os investidores em ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), há uma boa e uma má notícia, de acordo com a visão dos analistas do setor financeiro.

A boa notícia é que a empresa continua sendo uma aposta do mercado para o longo prazo, mirando nas gigantescas reservas do pré-sal.

A má notícia é que, no curto prazo, dificilmente o papel vai deixar para trás o pobre desempenho visto nos últimos anos. Somente em 2012, por exemplo, a queda foi de 9%, na contramão da Bolsa de Valores, que subiu mais de 7%.

E há duas grandes questões, com um desfecho previsto para os próximos meses, que vão fornecer uma visão mais clara das perspectivas para a companhia.

Aumento de preço nos combustíveis intriga mercado
A primeira questão é a novela dos combustíveis. Tanto a empresa quanto o governo já sinalizaram várias vezes que neste ano vai haver o aumento da gasolina e do diesel.  Mas o mercado se questiona quando esse reajuste vai acontecer, e de quanto será.

Há expectativas de um reajuste na faixa de 5% a 7%, mas há quem projete até 10% para os preços da gasolina. Caso esses aumentos se concretizem , é possível que o mercado comemore em um primeiro momento, mas que perca a euforia no decorrer das semanas.

Essa dúvida é fundamental para o futuro da empresa nos próximos anos. Como analistas têm reclamado há anos, os preços nacionais dos combustíveis não acompanharam o aumento ocorrido do barril de petróleo no exterior.

O desafio de um plano agressivo de investimentos
Embora essa defasagem no preço ajude a conter a inflação do país, afeta o caixa da estatal, que tem pela frente um agressivo programa de investimentos –estimado em US$ 236 bilhões para o período 2012-2016. O motivo é que explorar a camada pré-sal vai custar (muito) dinheiro.

Como a própria estatal já informou no ano passado, boa parte desses recursos virá do próprio faturamento, e não de novos empréstimos.  

Na quinta-feira passada, o Banco Central informou que considera um aumento de 5% nos preços da gasolina para este ano. Mas o mercado entendeu o valor como mais uma confirmação de que o reajuste vai acontecer, e não como um número oficial.

Para os analistas da corretora Coinvalores Bruno Piagentini e Marco Aurélio Barbosa, mesmo considerando a alta da gasolina, as ações da estatal dificilmente devem deslanchar neste ano. Por outro lado, é improvável também que "derretam", devido às expectativas de longo prazo.

Analistas estão de olho na produção da empresa
Um ponto também fundamental para o desempenho dos papéis é a produção de petróleo. Se a empresa mostrar mais desempenho em cumprir as metas previstas, é possível que investidores passem a olhar com melhores olhos a ação.

Caso contrário, o panorama para o papel continua o mesmo: uma aposta para o longo prazo. Na visão de Piangentini e Barbosa, a empresa somente deve apresentar números de produção mais robustos a partir de 2015.

Nota de avaliação de risco pode cair
A Petrobras divulga seus resultados finais de 2012 no dia 4 de fevereiro, após as 19h (hora de Brasília).

Entre os vários números que os especialistas vão se debruçar, um indicador que chama a atenção é questão da "alavancagem", isto é, a relação entre quanto a empresa deve e quanto dinheiro possui em caixa.

No ano passado, a agência de avaliação de risco Moody´s ameaçou piorar sua recomendação para a empresa brasileira.

Essa agência, a exemplo da Standard&Poor´s e da Fitch, distribui uma espécie de "selo de aprovação" para empresas e países conforme a saúde financeira, servindo de orientação para grandes investidores (como fundos de pensão bilionários) em suas aplicações.

Se uma empresa ou país tem a melhor recomendação possível, conforme os critérios dessas agências, consegue tomar emprestado a juros mais baixos. Se essa recomendação fica menos favorável, os grandes investidores vão exigir juros mais altos para correr o risco de emprestar  dinheiro para a companhia.

Monitorando o endividamento da estatal
Um dos critérios da Moody´s é justamente o nível de "alavancagem". Se a dívida da estatal aumentar, ou tiver chances de aumentar, sem a expectativa de um crescimento da receita, esse indicador fatalmente pode piorar.

Feito o alerta no final do ano passado, o próximo passo da Moody´s é cumprir a ameaça e rebaixar sua recomendação sobre a saúde financeira da Petrobras.

"O portfólio de reservas da Petrobras é muito grande e exige muito capital para ser explorado. Esse dinheiro vai vir de que lugar? É nesse sentido que parte o alerta da Moody´s", afirma Roberto Altenhofen, Analista da Empiricus Research (parceira do portal Investmania) para o setor de petroquímica.

Fonte: Uol

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