segunda-feira, 24 de setembro de 2012

BRASIL - Mercado vê Selic estável em 7,5% até o fim deste ano, aponta BC





O mercado mudou suas apostas e prevê agora manutenção da taxa básica de juro nos atuais 7,5% até o fim do ano. Após seis semanas projetando a Selic a 7,25% no encerramento de 2012, pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira (24) mostrou que os analistas agora não esperam novo corte no juro até dezembro. Para o fim de 2013, a expectativa foi mantida em 8,25%.

A perspectiva para a inflação passou de 5,26% para 5,35%, e a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 ficou em 1,57%. 

O BC aumentou as dúvidas no mercado sobre uma redução adicinal do juro na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ao diminuir as alíquotas do recolhimento compulsório dos bancos (recursos que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC), injetando na economia em torno de R$ 30 bilhões para impulsionar a oferta de crédito.

Depois dessa decisão, o mercado de juros futuros passou a mostrar uma maioria das apostas em manutenção da Selic, com a minoria ainda indicando um novo corte de 0,25 ponto percentual na reunião de outubro do Copom. "O BC adotou as medidas para dar fôlego aos bancos pequenos e médios, mas também têm efeito sobre a demanda. Então isso limitaria o espaço para a política monetária", afirmou o estrategista-chefe do WestLB, Luciano Rostagno.

Inflação
O mercado elevou seus números para a inflação neste ano pela 11ª vez seguida, para 5,35%, ante 5,26% anteriormente, ainda mais afastada do centro da meta do governo, de 4,5% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Dados divulgados na semana passada mostraram que os alimentos continuam pressionando os preços ao consumidor, com destaque para o IPCA-15, que acelerou a alta em setembro para 0,48%.

"O IPCA-15 apresentou aceleração motivado pelo repasse dos preços do atacado para o varejo depois da recente valorização dos preços das commodities agrícolas... Mas esse aumento de preços não gera pressão para a economia porque é transitório", afirmou o economista Felipe Queiroz, da Austin Rating. Para 2013, a estimativa para o IPCA foi mantida em 5,5. 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse na última quarta-feira (19), em Paris, que não vê o processo inflacionário no Brasil com preocupação, tanto em 2012 quanto em 2013. "A inflação segue dentro da meta e vai continuar", afirmou. Por isso, disse, a política de juros baixos adotada pelo governo deve prosseguir, avalia o ministro.

Mantega afirmou que, diante de medidas tomadas pelo governo, como a redução do preço da energia elétrica para consumidores residenciais e industriais e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para bens duráveis, a expectativa é que a inflação se mantenha comportada. "A tendência é que [a inflação] seja mais benigna e não se eleve. Não será preocupante no próximo ano", afirmou.

Crescimento
Pela primeira vez após sete reduções seguidas, os analistas consultados na pesquisa Focus deixaram inalterada a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 a 1,57%. Para 2013, a expectativa foi mantida em 4%.

Ainda assim, a projeção para este ano permanece abaixo da expectativa do governo. Na quinta-feira, o Relatório de Despesas e Receitas, que serve de parâmetro para a execução orçamentária, reduziu a previsão de crescimento do PIB neste ano para 2%, ante 3% anteriormente.

A pesquisa Focus desta segunda-feira mostrou também que o mercado manteve a previsão de que o dólar encerrará este ano a R$ 2.

Confiança do consumidor
Nesta segunda-feira também foi divulgado o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getulio Vargas, que subiu 1,4% em setembro na comparação com agosto, ao passar de 120,4 pontos para 122,1 pontos.

Em agosto, o índice havia recuado 1% na comparação com julho. O Índice da Situação Atual (ISA) subiu 2,2%, passando de 133,5 pontos em agosto para 136,4 pontos em setembro. Já o Índice de Expectativas avançou 1,8%, de 113,0 pontos para 115,0 pontos no período.

Fonte: Uol


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